domingo, 14 de novembro de 2010

Na capital, neto faz avô distribuir computadores para crianças pobres. Em Tatuí, juiz transforma caça-níqueis em terminais de consulta.

Navegar é preciso. E navegar, neste caso específico, refere-se a ter pleno acesso à internet. Dois projetos de inclusão digital, dentro de suas limitações, tentam inserir os que não têm condições financeiras – crianças, jovens, adultos e idosos - neste “mar” de conhecimento e informação.


No Jardim Suzana, em Interlagos, na Zona Sul de São Paulo, o professor de português Getúlio Kanamaru, de 61 anos, está à frente de um projeto que beneficia crianças carentes, denominado Projeto Reciclar de Inclusão Digital Para uma Criança Feliz.


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Em Tatuí, a 137 km de São Paulo, o juiz Marcelo Nalesso Salmaso, de 30 anos, idealizou o projeto “Terminais de Consulta”, que, com ajuda de alunos da Faculdade de Tecnologia (Fatec), transforma máquinas caça-níqueis apreendidas pela polícia em terminais de computadores. Os novos equipamentos, em seguida, serão espalhados em locais públicos da cidade, como hospitais, escolas, delegacias e o fórum da cidade, devendo beneficiar pessoas de todas as idades ao mesmo tempo em que combate o jogo ilegal.


O primeiro projeto teve início em novembro de 2008. A ideia surgiu depois de uma conversa de Getúlio com o neto, Cássio, de apenas 7 anos, durante um jantar. “Estávamos jantando apenas eu e ele, quando ele disse: ‘Hoje eu estou triste’. Perguntei por quê. Ele respondeu que os amiguinhos dele ficavam tristes toda vez que a professora pedia aos alunos para fazerem uma pesquisa em casa, que eles ficavam calados. Então, ele completou: ‘Estou triste porque meus amigos não têm computador em casa, são muitos pobres. Vô, compra um computador para os meus amigos?’”, contou Getúlio.


O diálogo com o neto ficou “martelando” na cabeça de Getúlio. No Natal daquele mesmo ano, depois de conversar com amigos empresários, nascia o projeto “Natal de Solidariedade de Inclusão Digital”, que, a despeito do nome, começou distribuindo cestas básicas a famílias carentes cujos filhos estudam na EMEI Clara Nunes, em Veleiros, também na Zona Sul de São Paulo.


Sem saber nada de eletrônica ou computação, Getúlio montou, no início de 2009, uma pequena estrutura em sua residência mesmo, recrutou técnicos em informática e começou a pedir doações de computadores antigos e sucateados nas redondezas. “Foi um desafio muito grande, porque eu era um analfabeto digital. Fiz um curso rápido de informática de três meses para a aprender a usar o computador”, disse.


Atualmente, ele admite que ainda tem algumas dificuldades para lidar com a máquina, mas diz que já sabe abrir um computador e identificar as peças. Com os equipamentos doados, foi possível remontar e entregar 19 computadores a crianças de famílias carentes em 2009.


O conjunto entregue é composto de monitor, teclado, mouse, CPU, caixas de som e até impressora. “Meu neto que disse: ‘Vô, não esquece a impressora!’. Que é para os amiguinhos poderem imprimir os trabalhos de escola, né?”, explicou. Infelizmente, o índice de reaproveitamento do material doado é baixo, o que dificultou o cumprimento da meta no ano passado, que era de entregar 30 computadores. “De cada 10 CPUs, aproveitam-se duas ou três, apenas”, ressaltou Getúlio.


Para 2010, a meta é entregar ao menos sete computadores por mês. “Foram três em janeiro e um em fevereiro”, completou. Para tentar atingir o objetivo deste ano, Getúlio vai alterar o esquema de produção dos equipamentos, com os técnicos voluntários trabalhando direto em suas oficinas ou lojas.

Fonte:g1globo.com

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